Obra: A grande familia, Artista: Rene Magritte, Ano: 1963.
O que é certo para você? Viver entre os limites? E o que é errado? Ultrapassá-los?
Determinaram-lhe o pecado? Definiram-lhe o caminho ao paraíso?
Continuamos os mesmos, mas intensos! Vivendo sem julgamentos... E precisando da liberdade!
Porém ainda há uma barreira entre o certo e o errado... Somos criticados por um e severamente selecionados pelo outro! Não saíremos impunes, mas teremos a paz!
E contudo, Eu só queria a transparência e a imunidade...
Obra: It's the law, Artista: Marcelo Zocchio, Ano: 1991.
Certa vez, uma amiga ao obter sucesso, super satisfeita com a conquista me disse: "É muito fácil ter êxito, quando se tem um objetivo!”. Nunca me esqueci desta frase, já refleti diversas vezes e até já me cobrei sobre isso: "Preciso ter um objetivo, continuar sempre em frente e prosperando..." O problema é que tomar decisões nunca é fácil e nem saber "o que será daqui para frente", não é? Acho admiráveis as pessoas que conseguem administrar as suas vidas, a ponto de controlar os seus caminhos!
“E se eu começar a 'des-complicar' a minha vida e ter controle sobre ela?”. De certo modo, concordo com a sábia frase desta minha amiga porque é claro, que muitas vezes, somos nós que "nos" complicamos com cobranças e indecisões... Afinal, seria muito mais simples se tivéssemos somente uma opção de escolha.... E ter apenas um foco nos ajuda a conseguir algo mais rápido! Por outro lado, penso que deixar as coisas "fluírem e ver no que acontece" também é necessário! Pois o controle demasiado acaba inibindo e eliminando possibiliades! E com todas as “turbulências” e com todos os inesperados a gente descobre que viveu... Além disso, é prazeroso o acaso , fazer o não planejado, sair por desvios e experimentar o que é novo!
Agora vejo, que o mais legal na frase desta minha amiga, não foi o que ela propriamente disse (sobre o objetivo), e sim, a provocação que ela me causou: O sucesso não está apenas em ter controle ou não, está no viver!
Obra: "O condenado", Artista: Odilon Redon, Ano: 1881.
Percebi que sou “MOVIDA” à PAIXÃO... Quais são as suas paixões? Eu? Sou apaixonada pela vida, pelos meus amigos, pela família, pela arte, pela intensidade, pela novidade, pelos detalhes, pelo conhecimento... Mas, também sou “BARRADA” pelo MEDO... Quais são seus medos? Eu? Tenho medo da solidão, do fracasso, da repressão, da perda, do risco, do estranho, da falta... VIVO de PAIXÃO e MORRO de MEDO... Se me questionarem se alguma vez eu já me arrependi, responderei que sim e que não... Sim, me arrependo por não arriscar por medo, mas não me arrependo das coisas que fiz por paixão! Revelar os medos e as paixões, escancara a nossa fragilidade? Na verdade, acredito que demonstra a nossa “humanidade”! Ainda, só quero continuar a viver das minhas paixões e não deixar que o medo me mate...
Obra: Sem título, Artista: Marcelo Zocchio, Ano: 1994.
Rotineiramente, faço o mesmo trajeto para ir ao trabalho... O olhar é fixo no horizonte vendo as próximas ruas a cruzar e, às vezes, o olhar é para baixo, tentando me precaver de buracos e poças das ruas mal cuidadas de São Paulo! Vejo sempre as mesmas casas, passo pelas mesmas ruas, desvio dos mesmos obstáculos, atravesso os mesmos faróis e às vezes, encontro com as mesmas pessoas! Esta é uma descrição chata e cansativa, né?! Sim, mas é como eu estava vendo o meu cotidiano... Hoje, eu me "dei conta"... Eu, tão preocupada com pensamentos rotineiros, havia esquecido-me de praticar o que a minha paixão pela arte tanto preza... o "OLHAR"... Este, que é a essência do artista visual! QUEM VÊ TUDO ENXERGA? Não, a nossa rotina faz que tenhamos "OLHOS CÔMODOS”... Isso mesmo; só vemos o que queremos e assim, passamos despercebidos... Não conseguimos enxergar nem o “belo” e nem o “problema”! Também não é a minha inteção fazer nenhum apelo publicitário, mas vou dar um exemplo tosco: tem uma propaganda recente sobre a "Fome", do Programa “Criança Esperança” e da “UNESCO”, onde aborda este assunto, aquela em que uma criança vê a outra pedindo comida numa calçada, fala para o adulto e este não enxerga...
A diferença dos artistas visuais para os demais é esta; a de enxergar o que poucos podem ver... Irrita-me o fato de alguém fazer um comentário do tipo: “Nossa, veja aquela pintura, até o meu filho de 5 anos faz”! Ok! Talvez até possa fazer, mas e ai? Será que aquela pessoa conseguiu enxergar e já pensou em pintar como a sua criança de 5 anos? Não, dificilmente, as crianças são as únicas que ainda não possuem “pudores” sobre o que produzem! Mas infelizmente conforme vão crescendo, são limitadas por padrões estéticos estabelecidos por nós adultos! Então, pintar como uma criança de 5 anos, nunca vai ser fácil para um adulto! Pois é, saber enxergar o diferente, a beleza, o problema e principalmente ter OLHAR CRÍTICO, é a parte mais difícil da educação artística! Ilude-se você, que acha, que educar uma pessoa à arte é somente fazer dobraduras e colar lantejoulas coloridas na cartolina! Educar para a arte é educar o olhar! Tente fazer um exercício diário: olhe para mais acima e ao redor, tentando desviar o olho somente do horizonte - que é o nosso usual - podem te achar louco, mas você conseguirá enxergar muito mais "vida"... Ou então, tente olhar e observar com detalhes o seu caminho, com certeza você enxergará coisas diferentes! Praticar o olhar, faz com que você enxergue muito além das banalidades rotineiras! É só tentar! Boa sorte!
Foto: Campo de refugiados de Kibamba, Zaire, Autor: Sebastião Salgado, Ano: 1994.
Fofocas, desabafos, pensamentos filosóficos e inspirações: podem surgir de longa conversa entre amigos numa mesa de um bar... Numa destas tardes, começamos a conversar, quando um vendedor ambulante de chicletes para a caridade chega... Então, quando este foi embora, tentávamos continuar o assunto, quando vem um poeta querendo vender o seu livro caseiro. Ai, o vendedor foi embora, minha amiga acendeu um cigarro, quando se aproximou um mendigo para pedir um trocado e um cigarrinho, mas este dispensou o cigarro quando percebeu que era algo do tipo “LA docinho de cereja”. Logo após, chega um vendedor iniciante na área de imãs de geladeira e depois de “bater um papo” conosco, o vendedor vai embora. E ai, foi quando chegou um jovem engraxate simpático, para pedir "umas moedinhas" e também parou para conversar e se foi... Depois de alguns “nãos”, um imã comprado e um cigarro doado e recusado, finalmente conseguimos conversar... Uma amiga falou: - É impressionante como a gente atrai vendedores ambulantes, pedintes e loucos! - Você já reparou que é só trocar um olhar, para se aproximarem? - complementei a conversa. Ela continuou: - Faz o seguinte: no próximo que a gente perceber vindo em nossa direção, a gente tenta não olhar e continua falando, ok? Então, quando percebi que havia um pedinte vindo em nossa direção, tentei com dificuldades não o olhar. O homem parou, ficou olhando e procurando alguém para abordar, até que ele resolveu ir à outra mesa, então eu falei: - E não é que funciona?! É só fingir não notar que as pessoas não se aproximam! - Acho que todo mundo usava está tática e a gente que não sabia! - concluímos com risadas. Bem, eu fiz este relato, pois andei pensando... Por mais que nós dizemos de maneira hipócrita: "somos totalmente independentes", todos nós necessitamos de um reconhecimento alheio! E por mais que dizemos nos sentirmos seguros, nós sempre procuramos apoio em quem nos demontra atenção! Sim, somos carentes... Basta um olhar para nos sentirmos mais confiante, não é?! Assim como basta um simples olhar, para demonstrarmos que nos importamos com o outro, concorda? Pois então, não é só do dinheiro que àquelas pessoas estão precisando... Elas estão precisando "serem notadas" e sentirem “tão humanas” quanto qualquer um! UM OUVINTE INTERESSADO, UM SORRISO SINCERO E UM OLHAR ATENTO, isto basta para querermos sempre continuar em frente... Será que alguém tem ESTE "TROCADINHO" para doar?
Artista: Tarsila do Amaral, Obra: Operários, Ano: 1933.
"Adoro conhecer gente nova! Fazer novas amizades!" Você deve estar pensando: "Que frase do tipo "clichezinho" de perfil de programas de relacionamento", não é?! Mas é verdade... A coisa que mais aprecio é fazer amigos, porque sempre tem como consequência o conhecimento de novas culturas! Conheço pessoas de diferentes: biotipos, idades, estilos de vida, crenças e opções sexuais...
Os maiores problemas no convívio em sociedade, começam pela falta de respeito ao próximo (no que é diferente)... Muitas vezes a ignorância não está ligada a falta de informação, mas sim, a falta de humildade e flexibilidade em aprender coisas novas! É claro, que a gente geralmente se relaciona com pessoas que mais "tem a ver" com o nosso estilo de vida, mas fechar-se no "nosso mundo" nos leva a ignorância! Conhecendo pessoas, trocando experiências e ouvindo diferentes pontos de vista é a forma que utilizo para crescimento pessoal!
Sabe aquele velho ditado popular: "Digas com quem andas que direis quem és!"? Então, acredito parcialmente nele... Parcial, pelo fato, de que realmente: temos nos nossos amigos o que "ad-miramos" (como escreve Paulo Freire), o que queremos para nós! Mas ao mesmo tempo, quando temos um amigo, aceitamos as suas diferenças. Afinal, não somos iguais! Só não tem amigos os ignorantes!!! Estes, os egoístas, que não conseguem ser flexíveis!
Certa vez, um amigo me perguntou: "Como você consegue ficar aqui, sendo que você não gosta disso?". Respondi: "Qual o problema?". Não sou obrigada a fazer o que não quero só para me "encaixar" na maioria ou para agradar alguém, mas no entanto, não preciso ser radical e "podar" tudo que não gosto! Temos que nos adaptar e conviver com as diferenças!
"Ninguém é perfeito!" Com certeza você já deve ter ouvido está frase... Mas para que a perfeição? Gosto de ter e perceber fragilidades e defeitos... Isso nos torna humano e é isso que nos diferencia! Cada Ser é único! E ninguém é sempre igual, por isso definir-se ou basear-se em alguma personalidade, é estar se limitando!
Com o tempo, a gente muda, a gente cresce... Percebe que, o que importa é estar bem, com pessoas que a gente gosta e que nos aceita como somos! Ah, mas vale a pena lembrar - a gente também aprende e as vezes também esquece - que não podemos mudar ninguém!!! Outra coisa que a gente aprende é aprender com os erros, pois todo mundo precisa "tornar-se cada vez melhor", isso faz parte do nosso processo de amadurecimento!
O seu "Eu" também reflete em mim... Vivo numa constante mudança... O tempo não para... Sou uma eterna aprendiz... Por isso, não sei definir-me... Um dia eu sou... Um dia eu estou...
Obra: A grande familia, Artista: Rene Magritte, Ano: 1963.
